cristina ribeiro

André Ribeiro, o seqüestrador do ônibus 499, tem um passado condenável. Três vezes sua mulher deu queixa na polícia contra agressões cometidas por ele contra ela. No episódio, os antecedentes de André deveriam servir como atenuantes – talvez pudesse ser mais eficaz do que alegar insanidade. Que homens agressores de mulheres são loucos, não resta dúvida. Mas tivesse sido ele detido da primeira vez que agrediu Cristina Ribeiro, o seqüestro poderia ter sido evitado? Como a violência de André não foi levada a sério, cumpriu a trajetória padrão nesses casos e fez uma curva ascendente até o seqüestro do 499. Deter essa escalada, no entanto, é mais complicado do que enfrentar o clichê 'briga de marido e mulher não se mete a colher', que aparentemente motivou a omissão policial em relação às queixas dela. Homens que batem em mulheres são insanos, mesmo sem seqüestrar um ônibus. O flagelo de André e as dores de Cristina, no entanto, têm uma peculiaridade: poderiam ser evitados, não fosse o descaso da polícia com esse tipo de crime. O desinteresse da polícia em punir André é seu maior argumento de defesa. Pesquisa realizada pelo Ibope para o Instituto Patrícia Galvão acaba de ser divulgada e traz dados relevantes sobre o tema: Em cada quatro entrevistados, três consideram que as penas aplicadas nos casos de violência contra a mulher são irrelevantes e que a justiça trata este drama vivido pelas mulheres como um assunto pouco importante. Tudo a ver com o drama de Cristina e as agressões de André.

(por carla rodrigues, jornalista do extinto site nomínimo)